Eduardo Srur inaugura obra permanente no Rio Pinheiros

No dia 24 de junho, o artista Eduardo Srur inaugurou a obra “Barco sobre um Rio Enterrado”, na margem do rio Pinheiros, em São Paulo que, diferente das anteriores, ficará em caráter permanente no local para servir de reflexão sobre a atual condição degradada do rio. Um barco laranja de 8 metros de comprimento ficará exposto na ciclovia, próximo à ponte Cidade Jardim, no acesso da passarela do Parque do Povo, onde circulam centenas de ciclistas diariamente.

“Como é impossível navegarmos no Rio Pinheiros, fiz um barco que ficará atracado na margem como algo que existe, porém sem utilidade, até sua desintegração pelo tempo, pela sujeira, pelo descaso. A ideia é documentar a obra durante os próximos anos e acompanhar seu desaparecimento. Tal qual a esperança que a sociedade tem com a despoluição deste rio invisível”, conceitua Srur.
O artista explica que se trata de um work in progress com registros fotográficos mensais no local e que ainda não sabe o resultado final do trabalho. “Talvez eu desapareça antes da obra, ou incomode a ponto de ser retirada. Mas certamente é algo que preciso fazer como um alerta insistente para os governantes e as futuras gerações que viverão em São Paulo”, afirma.

O Rio Pinheiros sempre foi palco de expressão deste artista inquieto e ligado as distorções deste não-lugar na paisagem urbana da cidade mais rica do país. Formado em artes plásticas, ganhou projeção com obras que utilizam do espaço público para chamar a atenção para questões ambientais e para o cotidiano nas metrópoles, sempre com o objetivo de ampliar a presença da arte na sociedade e aproximá-la da vida das pessoas.

Sobre Eduardo Srur

Eduardo Srur é um artista visual conhecido por suas intervenções urbanas contestadoras no Rio Pinheiros que ele chama de “canal de esgoto a céu aberto” em frente ao seu ateliê na capital paulista. Em 2006, ocupou 3 quilômetros do rio com 150 caiaques tripulados por manequins de plástico que se juntaram ao lixo flutuante e formaram uma ilha de resíduos que remetia ao mapa do Brasil. Em 2014, sua exposição “As Margens do Rio Pinheiros” impressionou milhares de motoristas no trânsito com esculturas realistas de pessoas em trampolins azuis nas pontes que cruzam as marginais. Também instalou um casal de onças-pintadas gigantes que simulavam beber a água contaminada na margem e criou lápides com elementos carnavalescos na foz dos córregos Uberaba e Jaguaré que desaguam na no Pinheiros. Em 2017, navegou uma escultura monumental de 40 metros na forma de um peixe sobre as águas fétidas. A grande boca aberta do “Pintado” buscava, em vão, um pouco de oxigênio já inexistente no local.

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